O acelerado crescimento numérico dos evangélicos no Brasil que já alcança 20,23% da população poderia ser um indício de que o País pode se tornar uma potência nas obras missionárias em todo o mundo, mas a realidade é que a obra missionária segue de forma bem mais lenta do que deveria.
Apesar do conhecimento cada vez mais difundido das demandas missionárias levando à comoção e decisões pessoais, o trabalho é deixado em mãos de missionários de carreira e agências especializadas.
De acordo com o pastor José Crispim Santos, promotor setorial da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (CBB), a igreja brasileira está bem inteirada acerca dos desafios missionários da atualidade, mas as ações ainda não são suficientes para o tamanho deles.
“Há muitas agências missionárias divulgando o tempo todo, além da mídia que noticia fatos que demonstram o sofrimento humano, físico e espiritual ao redor do planeta. Nossa avaliação é que, diante deste cenário de grande carência espiritual, a Igreja tem dado sua contribuição – entretanto, isso é insuficiente, quando a missão é, de fato, tornar Cristo conhecido em toda a Terra”, disse Santos à revista Cristianismo Hoje.
Mas a s lideranças cristãs continuam apostando no potencial do povo brasileiro. Devido à boa receptividade em todos os países, particularmente de religião islâmica e hindu. A análise é do diretor executivo das Missões Mundiais (JMM), pastor João Marcos Barreto Soares.
Simpatia e espontaneidade são as características apontadas que fazem os brasileiros serem bem recebidos em várias partes do mundo, e o crescimento numérico acelerado dos evangélicos não é tão relevante diante desse aspecto.
O pastor Soares também questiona o potencial dos brasileiros: “estamos preparados para isso? Temos feito tudo que podemos?” Ele lembra, fazendo alguns cálculos de acordo com o número oficial de evangélicos batistas, de que as ofertas destinadas a missões mundiais e nacionais alcançaram um montante considerável, mas se dividido pelo número de crentes, o resultado é desanimador. São 66 centavos por semana destinados à obra missionária.
Outro aspecto destacado pelo diretor executivo da JMM é o número de missionários “per capta” – cerca de uma para cada 10 mil batistas brasileiros. E questiona: “Será que temos nos esquecido de que há mais de 4 bilhões de pessoas que nunca ouviram falar de Cristo, que há pelo menos 2.200 povos que não conhecem a Palavra de Deus?”
A responsabilidade dos brasileiros também é lembrada pelo missionário da JMM no sul da Asia Gabriel Azam, que administra uma agência missionária com cerca de 100 obreiros. Ele cita o crescimento do islamismo no mundo e diz que os brasileiros tem a responsabilidade de alcançar os adeptos do Islã. “Para esse grupo Deus separou o Brasil. Os muçulmanos não são receptivos aos americanos e aos ingleses, mas com relação aos brasileiros, todas as nações são amistosas. Isso não é um acidente. Deus preparou tudo isso”, conclui.
O missionário conclama para que a igreja brasileira assuma a responsabilidade de levar o Evangelho. “Precisamos admitir que é um pecado não levar o Evangelho aos muçulmanos – pelo uma vez na vida eles precisam ouvir”.
A presença missionária brasileira atualmente chega a 2300 missionários no exterior atuando em 50 países. Só a Junta de Missões Mundiais enviou 612 obreiros, distribuídos entre Europa, áfrica ocidental e sul, norte da áfrica, ásia e Oriente Médio a América Latina.
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