segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Haitianos não se arrependem de terem entregado seus filhos

Condenados a um destino de infortúnio, os habitantes de Callebasse receberam a visita dos 10 missionários batistas de Idaho (noroeste dos Estados Unidos), "dois dias depois do terremoto" de 12 de janeiro, que derrubou cerca de 50 casas do pequeno povoado. A maioria dos pais aceitou entregar um de seus filhos para "partir com os estrangeiros para outro país".
Cantave, de 36 anos, está convencido da boa vontade dos 10 americanos presos no Haiti há uma semana, acusados de "sequestro de menores e associação criminosa". Eles foram detidos no dia 29 de janeiro com 33 menores na fronteira com a República Dominicana, sem qualquer documento.
"Os americanos levaram as crianças com o nosso consentimento", afirmou Fritzian Valmont, pai de três meninas de 11, 8 e dois anos. Ele e sua mulher decidiram entregar "a do meio" aos missionários, admitiu.
Era a pequena Alentina, entregue junto "com dois filhos da minha irmã: Carl Ramirez e Dawin Stanley, todos de oito anos", contou Valmont à AFP.
"Se (os americanos) tivessem trazido um grande ônibus que pudesse levar mais crianças, muitas mais teriam partido", garantiu o homem, falando com o orgulho de qualquer pai que acredita ter feito o melhor que podia por uma filha.
A poucos metros de Cantave e Valmont está sentada Jean Ricia Geffrand, uma viúva de 47 anos, mãe de cinco filhos, já avó. O ar de anciã e as cataratas nos dois olhos são testemunhas de uma vida inteira passada na miséria.
"Eu dei a minha filha porque não tinha nada para dar a ela", indicou, referindo-se a Beline Chewi, de dois anos, sua caçula.

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